quinta-feira, 17 de março de 2011

Micromachismos


Estejam ou não sensibilizadas para as questões de género, as pessoas não conseguem evitar actos e palavras que revelam laivos de sexismo. Psicólogos e outros especialistas põem a nu esses comportamentos.

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É melhor meter logo as mãos na massa e efectuar uma experiência muito simples: trata-se de pedir a dez pessoas para resolverem este enigma:
“O António viaja num carro conduzido pelo pai. De repente, o carro sofre um acidente, o pai tem morte imediata e o António, gravemente ferido, é transportado para um hospital. Ali, é logo levado para a sala de operações. Tem de ser operado de imediato, mas, ao vê-lo, o responsável pela intervenção exclama: ‘Não posso fazê-lo: é meu filho!’ Como é possível?”
Leia a resposta a esta pergunta, bem como uma análise sobre as práticas imperceptíveis de dominação em Super Interessante nº 151, Novembro 2010.




A língua portuguesa é machista?



Alguns estudiosos afirmam que a língua portuguesa é machista e apresentam pelo menos duas razões para isso: se numa sala há uma multidão de mulheres e apenas um homem, a concordância se fará no masculino plural; se uma pessoa quer agredir um homem, é a mãe dele que ela xinga; além disso, há nomes que são elogios para o homem e agressões à mulher: a um homem se pode chamar  touro ou  garanhão, mas chamar a mulher de vaca ou de égua é ofendê-la.
À primeira vista esses argumentos parecem ter fundamento. Engano.”
José Augusto Carvalho explica o seu ponto de vista sobre este assunto, na Revista Língua Portuguesa.



Os avós e o "machismo" na língua portuguesa

[Pergunta] Quase por acaso, li a pergunta e a resposta Sobre parentescos (23/04/2007). Quando fui confrontado com a mesma dúvida que a da consulente Carla Pires, respondi da mesma maneira que A. Tavares Louro, só que acrescentei: «os avós» deve ser o único caso em que um nome feminino plural engloba um masculino. Caso único na "machista" língua portuguesa.
António Pinho :: Prof. ens. sec. (aposentado) :: Viana do Castelo, Portugal

[Resposta] As línguas em que há dois géneros são normalmente "machistas", porque o género não marcado, isto é, aquele que se pressupõe geralmente, é o masculino. Por exemplo, com substantivos que tenham o mesmo radical para os dois géneros, por exemplo, gato/gata, acontece usar-se apenas o masculino quando queremos designar a espécie: falamos de um gato e não de uma gata.
No caso de avós, a intuição da língua actual levar-nos-ia a aceitar a observação do consulente. Mas historicamente os factos são outros: o "machismo" impõe-se, porque avós é a evolução do plural *aviŏlos, que em latim vulgar é o plural de aviŏlu, «avô». Sem entrar em grandes pormenores, diga-se que a relação fonética histórica entre o singular avô, «pai do pai ou da mãe», e o plural avós, «os pais do pai ou da mãe», é semelhante à existente entre novo e novos: pelo fenómeno de metafonia (assimilação à distância) o -o final do singular, muito fechado, fechou o da penúltima sílaba; no caso de aviŏlu, passou-se a avoo, com três sílabas (a-vo-o), a penúltima das quais com ó fechado, e finalmente, por contracção das duas vogais das duas últimas sílabas, ambas fechadas, chegámos a  a avô. Contudo, no plural e no feminino, não houve metafonia, e a vogal da penúltima sílaba manteve-se aberta.
A forma avós é também o feminino, que evoluiu de aviŏlas por intermédio da forma medieval e ainda hoje galega avoas. Há portanto duas palavras latinas que convergiram numa única forma, avós. A forma avôs terá aparecido posteriormente, já em português, com base no masculino avô.








por Ricardo Tavares L.

por Shaneka Green, 25/12/2007

por taboo-breaker.org

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