segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Dez ideias para manter viva a relação


O amor é como as plantas. Tem de ser alimentado e cuidado senão pode morrer.




Dez ideias para manter viva a relação
1. Mude os papéis. Os estereótipos conduzem à rotina. Mudar de hábitos estimula a relação.
2. Discuta os problemas para melhorar o futuro. Falamos do passado para que o outro recapitule, mas os seres humanos tendem a defender-se e não costumam pedir perdão. É melhor procurar chegar a acordo para o futuro sem partir do princípio de que o outro vai repetir o comportamento habitual.
3. Volte a seduzir o parceiro. O erotismo parte sempre do zero. Partimos do princípio de que, por termos uma relação, podemos saltar os preliminares, mas a bioquímica do sexo não aceita elipses.
4. Pergunte como se não soubesse nada do outro. Ouça com atenção o outro, em vez de o interpretar. Isso contribui para que ele se sinta legitimado nas suas necessidades e interesses.
5. Use mensagens com "eu”. Troque as expressões com "tu" ("não me ligas", "queres ter sempre razão") por outras com "eu” ("sinto-me triste").
6. Coloque desafios à relação. Explorem juntos algum campo novo; desporto, jogos eróticos, viagens... Algo que seja diferente e agradável.
7. Especifique quando fala do outro. Com a passagem do tempo, os membros de um casal tendem a generalizar relativamente ao outro. Mudem esse hábito e sejam mais específicos, pois os conflitos nunca são globais e os interesses variam.
8. Falem de fantasias eróticas. Os casais não costumam fazê-lo porque pensam que o outro quer pô-las em prática. Nem sempre é assim: as fantasias sexuais são excitantes pelo facto de imaginá-las. Partilhá-las é uma forma de imaginá-las em conjunto.
9. Não ao dogmatismo. Fale com flexibilidade sobre as necessidades, os interesses e os sentimentos, e não do modo como as coisas têm de ser ou deviam ser.
10. Exprima a ira. É positivo para a relação poder canalizar a agressividade, evitando os extremos de reprimir ou explodir. Dê ao outro a oportunidade de desabafar antes de se sentir magoado.
in Super Interessante nº 134, Portugal, Agosto de 2009

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Não queira ser você a florzinha de estufa a reclamar todas as atenções e esforce-se por manter um ambiente saudável e apaixonado no seu relacionamento. Aqui ficam mais conselhos para manter viva a chama: 30 Dicas para um casamento feliz

domingo, 18 de dezembro de 2011

Desejos e FANTASIAS

Desejos e FANTASIAS
Não são a mesma coisa. O desejo é um motor indispensável da sexualidade mas, com as fantasias, a nossa imaginação voa.


Para que serve a imaginação?

De flor em flor. Uma fantasia habitual é a de desfrutar dos momentos libidinosos em cenários exóticos: a selva, um harém…
Vice-não-versa. Não é preciso ser homossexual para imaginar uma cena de pessoas do mesmo sexo. Por outro lado, os homossexuais raramente se excitam com fantasias heterossexuais.
Pontos de vista. Três são uma multidão? Depende. Os trios são um tópico habitual do cinema pornográfico, um género que põe em cena os desejos partilhados pela maioria dos espetadores. A predisposição para o voyeurismo dos homens é rara nas mulheres, mais dadas ao exibicionismo, assim como à zoofilia, que pode ser um bom ponto de partida para uma fantasia erótica: no seu livro My Secret Garden (1973), Nancy Friday afirmou que uma em cada dez mulheres declaravam ter praticado o bestialismo ou sonhado em fazê-lo.

O facto de termos fantasias não significa depravação.

Responda a estas perguntas e some as pontuações.
Nos resultados, descubra se o seu principal órgão sexual é o cérebro.

1. Encontra no ch
ão do elevador uma delicada peça de roupa interior. Como reage?
a) Sente nojo (2)
b) Pensa que alguém deve ter estado ali a namorar (2)
c) Pensa que caiu de um cesto i lavandaria (1)
d) Apanha-a dissimuladamente conserva-a (3)
e) Dá-lhe um pontapé e carrega no botão do elevador (0)
2. Da literatura erótica...
a) nada sei, porque nunca a leio (0)
b) consumo quando tem qualidade literária (3)
c) salto as cenas em que não há sexo (1)
3. O que significa BDSM?
a) Banco de Sustentabilidade Mundial (2)
b) Deixe-me pensar (2)
c) O que normalmente se entende por sadomasoquismo (3)
d) Não sei nem quero saber (0)
4. Viaja de pé numa carruagem sobrelotada e alguém encosta-se timidamente a si.
a) Olho para ver se é homem ou mulher (2)
b) Afasto-me com indignação (1)
c) Entendo a situação, somos muitos (1)
d) Penso se será bom amante (3)
5. A primeira coisa em que reparo (não a primeira que vejo) quando conheço alguém é...
a) nas mãos (3)
b) no rosto (1)
c) nos atributos sexuais (2)
d) no cheiro (4)
6. Sente-se atraído pelo seu chefe. No trabalho, ao passar ao seu lado, vê que deixou cair uma foto do parceiro.
a) É claro que o meu superior não me atrai, que raio de ideia! (0)
b) Apanho a foto e dou-lha (1)
c) Não a apanho, não digo nada e deixo que toda a gente a pise (3)
d) Apanho-a e guardo-a (3)
7. "Melão" está para "bola de futebol" como "melões" para...
a) "bolas de futebol (1)
b) "seios femininos" (3)
c) ”bola de futebóis (1)
8. Ouve os vizinhos a fazerem amor na varanda ao lado da sua.
a) Apuro o ouvido para escutar (3)
b) Aproximo-me discretamente para tentar vê-los (2)
c) Bato com a vassoura na parede para acabarem com aquilo (4)
d) Continuo a jogar no computador (0)
9. Vê dois cães a copular na rua.
a) Incomoda-me (1)
b) Excita-me (3)
c) Lembro-me da cena mais tarde nesse dia (2)
d) Nunca vi dois cães nessa situação (0)
10. O que se pode fazer com uma iúca?
a) Muitas coisas (3)
b) Comê-la (1)
c) As iúcas comem-se? (2)
11. Costuma imaginar as pessoas despidas?
a) Sim (3)
b) Nunca (1)
c) Só se a pessoa for atraente (2)
12. Suspeita que o seu par lhe foi infiel.
a) Pico excitado (3)
b) Quero saber com quem e onde (4)
c) Acabo a relação (1)
d) Investigo (2)
13. Fica a saber que um familiar gosta de ser travesti O que pensa?
a) É homossexual (1)
b) É um depravado (3)
c) Não deixo o meu filho lá em casa (4)
d) Não tem qualquer importância (2)
14. Deixa cair um ovo no chão e este parte-se. Enquanto o apanha, pensa...
a) É repugnante (3)
b) Está frio (1)
c) É excitante (4)
d) Irei receber reembolso da declaração do IRS? (0)
15. Vai ter um encontro sexual com o parceiro e, quando está a chegar, um gato preto atravessa-se no seu caminho.
a) Volto amanhã (4)
b) Parece-me que isto não vai correr muito bem (3)
c) Não altero nada (2)
d) Quando estou determinado, não reparo nessas coisas (1)


 
RESULTADOS
De 8 a 10 pontos: É possível que tenha sido convocado para responder a este teste numa mesa de espiritismo, pois parece já não estar entre nós. Sexualmente, a imaginação de nada lhe serve e, provavelmente, nem sequer sabia que tinha tão pouca.
De 11 a 23 pontos: Demasiado realista. Talvez seja um pouco limitado como amante e muito previsível, embora nada lhe escape noutros campos. Para si, o francês é uma língua.
De 24 a 41 pontos: Bem equilibrado. Não o assustam as fantasias nem nega os desejos. Sabe usufruir do sexo e da sua representação mental. Toca quando deve e, provavelmente, onde deve.
De 42 a 47 pontos: O seu forte são as fábulas. Suponho que o conto da leiteira e do balde lhe assenta na perfeição; a imaginação serve-lhe mais para se evadir do que para enfrentar a condição de ser sexuado.
De 48 a 50 pontos: Com a imaginação que possui, sem dúvida interrogar-se-á: "Para que preciso de um parceiro?" O seu forte é o amor próprio, mas prefere provavelmente imaginá-lo a praticá-lo.



 
Desejos e fantasias não são a mesma coisa. Como explica Valérie Tasso, os primeiros são limitados pela realidade; para as segundas, não há preceitos morais.


Em 1966, o ginecologista William Masters e a sua assistente, Virginia Johnson, iniciaram um estudo fundamental para a compreensão do até então pouco conhecido ato sexual humano, realizado com metodologia científica e sem influência de preconceitos morais. Observaram, mediram e analisaram mais de dez mil interações e determinaram as diferentes fases que as compõem. Souberam ver o que homens e mulheres possuíam em comum, assim como pequenas particularidades de género. Por fim, descreveram quatro fases bem definidas da reação humana: excitação, meseta, orgasmo e resolução. O esquema, conhecido por "ciclo da resposta sexual humana" (CRSH), estabeleceu as bases para entender como reagimos ao concretizar a nossa condição de ser sexuado.
No entanto, faltava alguma coisa. Foi apenas em 1979 que Helen Kaplan, terapeuta norte-americana de origem austríaca, juntou a quinta peça ao quebra-cabeças: o desejo. Situado cronologicamente antes da excitação, configura o relato erótico mental que desperta os nossos sentidos. Frágil na sua concreção e difícil de tratar quando fraqueja, esse processo bioquímico-cultural converteu-se, nestes tempos de stress e melancolia, no cavalo de batalha que a maior parte dos especialistas procura dominar.
Embora já praticamente ninguém discuta o paradigma do CRSH, utiliza-se com demasiada frequência, como sinónimos, os termos "desejo" e "fantasia". Não acontece apenas entre leigos, mas também entre especialistas: não nos devemos esquecer de que a sexologia é uma análise epistemológica de curta existência e que ainda precisa de clarificar conceitos de uso comum. Será que são, afinal, o mesmo?
VOU MATÁ-LO!
Imaginemos um caso. É meia-noite e o leitor tem um importante compromisso profissional na manhã seguinte. Vai para a cama, apaga a luz, tenta adormecer e, de repente, o vizinho, grande adepto do heavy metal, começa a ouvir música no volume máximo. É muito possível que, nesse momento, tenha fantasias sobre a forma de assassinar o impertinente, mas, no fundo, apenas deseja que ele baixe o som. Assim, o leitor não tomará a resolução de pegar na serra elétrica e cortar o mal pela raiz, mas irá contactá-lo para chegarem a um consenso.
Aqui, a diferença entre fantasia e desejo é clara, embora ambos dêem origem a um relato imaginativo que incita o leitor a tomar uma medida: no primeiro caso, despedaçar cruelmente o vizinho; a opção B consiste em imaginar que negoceia uma solução para o conflito.
As duas cenas divergem, por conseguinte, em algo fundamental: a moral. Enquanto é possível concretizar o desejo, na medida em que respeita os padrões de comportamento social e a escala de valores pessoais, a fantasia não irá ser posta em prática. Por isso, pode muito bem prescindir dos códigos de conduta; pelo contrário, ignora-os com soberba. Desenvolve-se num plano imaginário em que não existem cárceres nem sacerdotes, obrigações ou verdadeiros danos. É a diferença entre o menino que imagina ser Peter Pan e o adulto que tem de pagar a hipoteca da casa.
Pode dar-se o caso de um sonho extravagante acabar por se materializar, mas, para tal poder verificar-se, as condicionantes sociais e os valores éticos em que se produziu devem mudar substancialmente. No caso do vizinho, suponhamos que se declara uma guerra en­tre os partidários do heavy metal noturno e os que madrugam no dia seguinte, ou que a minha prioridade moral de não fazer mal a nin­guém se subordina à necessidade de liquidar os membros do eixo do mal...
No campo sexual, também se estabelece uma nítida distinção. Por isso, à pergunta recorrente "Que fantasia sexual ainda te falta realizar?", dever-se-ia responder que, felizmente, todas. Talvez ainda tenhamos algum desejo por materializar, desde que se alimente de situações socialmente viáveis. Já o sonho irrealizável deixa entrever o reprimido, o oculto, o sinistro. É por essa razão que, enquanto se pode partilhar o primeiro com o parceiro, a evocação fantasiosa não só é difícil de narrar como se torna mesmo complicada de assumir.
Quando alguém transfere para o plano racional um desses relatos, surge de imediato a interrogação "Como é possível eu pensar estas coisas?", frequentemente acompanhada de um sentimento de culpabilidade e de estranhamento de si próprio.
A impossibilidade de pôr em prática a história imaginada não impede que possa ser teatralizada como um jogo. Efetivamente, é comum entre pessoas com, digamos, um sentido saudável da realidade, grande cumplicidade erótica e riqueza sexual. Os participantes (casal ou grupo) desempenham um papel como atores, nunca como pessoas que se comportariam desse modo na vida real. Por exemplo, se um adulto se mascarar para encarnar um aluno e a parceira simular ser uma professora sexy e severa que o repreende e castiga com açoites nas nádegas, encontramo-nos perante uma fantasia de submissão. Quando este tipo de shows se produz, os atores sabem perfeita­mente (baseiam-se no mais absoluto consen­so) onde acaba a ficção e começa a realidade.
ESTRATÉGIA DE REPRESSÃO
Nesse caso, se fantasia e desejo estão tão irmanados mas são, simultaneamente, tão distintos, será que tudo não passa de uma confusão inocente entre os termos? Não creio. O sexo é um campo a que se atribuem, com o objetivo de mantê-lo problemático, muitos pecados que nunca cometeu. Por isso, e por necessitar do recurso imaginativo para se desencadear, esta sobreposição levará a que vejamos o erotismo como acicate dos mais atrozes desejos, quando não passam de fantasias. Acabamos por nos considerar animais de infinita depravação quando somos, na realidade, animais com muita imaginação. O resultado é que reprimimos indiscriminadamente uns e outros. Ter a fantasia de assassinar o meu vizinho não me transforma numa criminosa forçada a controlar os instintos. Um facto que esquecemos com demasiada frequência, influenciados pelo domínio absoluto da moral. Naturalmente, esta distinção é inerente a cada indivíduo, pois está sujeita à sua própria escala de valores. Por isso, falar, como faremos em seguida, de desejos e fantasias genéricas implicaria a existência de uma normativa ética comum a todos os mortais, coisa que nem o próprio Deus, único e verdadeiro, conseguiu impor. Apesar disso, faremos uma distinção ecuménica entre ambos, partindo do princípio de que nenhuma mulher gostaria na realidade de ser violada, e nenhum homem de que lhe comessem os testículos. Daremos igualmente por assente que nenhum dos filhos do vizinho desdenharia passar uma noitada com o borracho do andar de cima.
Já afirmámos que a resposta sexual humana é equivalente em homens e mulheres; apenas algumas nuances, em cada fase, podem diferenciar-nos. Por exemplo, após o orgasmo, e se houve ejaculação (o que ocorre em quase todos os casos), a fase refratária costuma ser conclusiva no homem: precisa de um tempo de repouso para voltar a iniciar a sequência de desejo, excitação... Na mulher, nem sempre é assim: após o clímax, a fase lânguida que se sucede pode conduzir a outra de meseta e, novamente, ao pico do prazer. Referimo-nos ao processo de orgasmos múltiplos ou, para utilizar uma terminologia mais adequada, de orgasmos sequenciais.
De igual modo, nos processos de fantasia e desejo, também se produzem algumas matizações de género, embora sejam substancialmente idênticos neles e nelas, independentemente (é também importante assinalá-lo) da sua preferência sexual. Dessas diferenças, destacaríamos as seguintes:
1. Os homens sentem desejo com maior frequência, mas as mulheres fantasiam mais.
2. Tanto as fantasias ousadas como os desejos são geralmente muito mais minuciosos, em termos narrativos, nas mulheres. Apresentam, assim, um trajeto mais extenso (partem de mais atrás) e incluem abundantes sequências interligadas (passam-se mais coisas).
3. Na expressão verbal, eles tendem a ser mais descarados e sintéticos, enquanto as mulheres recorrem a eufemismos e circunlóquios. Uma circunstância que se deve, sem dúvida, mais a fatores culturais no processo de sexuação (as jovens não devem ser ordinárias) do que a fatores biologicamente determinados.
4. As fantasias sexuais femininas costumam ser mais violentas, cruéis e sórdidas; estão mais distantes do desejo do que as do repertório masculino. A causa mais provável reside no facto de que, historicamente, reprimimos muito mais coisas e também nos foram vetadas, como tabus, mais inclinações ou sugestões.
Dentro do vasto espectro de representações e de acordo com alguns estudos sobre o tema, parece que aquilo que ambos os sexos mais desejam são os triângulos e os encontros em lugares exóticos. Entre estes dois anseios recorrentes, talvez prevaleça entre os homens o ménage à trois, que implica ação, enquanto para elas é o lugar que sobressai. Tal como já referi, as mulheres dotam de eficácia erótica os relatos imaginativos, com o cuidado do pormenor e a cenografia a dominar o que sucede propriamente dito.
A partir daí, as preferências quanto aos argumentos variam de forma considerável. Se a relação homossexual surge no topo do hit parade dos desejos das mulheres heterossexuais, os homens heterossexuais não a apreciam demasiado, embora um grande número de homens heterossexuais idealize o desejo de manter contacto carnal com alguém do mesmo género.
No caso de pessoas com inclinação homossexual, acontece algo muito curioso: a vontade de ir para a cama com alguém do sexo oposto praticamente não aparece. Aqui, talvez esteja subjacente a circunstância de que as relações heterossexuais continuam a pertencer à esfera do socialmente aceite, pelo que não ativam a atração. Difere também na ordem de preferências (mesmo sendo comum aos dois géneros) a prostituição, que alguns interpretam como fantasia. Nas mulheres, é bastante frequente, mas deixa o homem bastante frio.
Outro dado curioso neste ranking é o fator da complementaridade. Se o voyeurismo surge como um dos desejos masculinos mais construído, entre as mulheres prima o exibicionismo. Não há dúvida quanto à intervenção dos fatores culturais que deram forma à nossa sexuação, ou seja, ao processo que configura a identidade de género. As mulheres continuam a ser culturalmente incentivadas a ser animais desejáveis, enquanto se pretende que os homens desejem. É curioso comprovar o modo como a divisão arbitrária entre pessoas que olham e outras que servem para ser vistas também se insere nos nossos desejos.
Entre os que poderíamos classificar como específicos, há um que se destaca particularmente no imaginário feminino: a dupla penetração (frequentemente associada ao sexo em grupo). Por sua vez, os homens sentem-se atraídos pela visão do seu sémen derramado sobre diferentes partes do corpo da parceira.
E as fantasias? Aqui, as mais fantasiosas são, como já dissemos, as mulheres. As relacionadas com a violação, a humilhação, o abuso, a zoofilia ou mesmo o incesto são mais frequentes do que, por exemplo, a utilização de brinquedos eróticos ou a gravação em vídeo de um encontro com o parceiro. Nos homens, a fantasia irrealizável mais frequente é praticar sexo com adolescentes, embora seja ultrapassada por uma grande variedade de desejos.
Outra distinção genérica reside no papel da genitalidade. Enquanto constitui, para a maior parte dos homens, a parte capital do relato, as mulheres pensam em todo o corpo como suporte sensível que focaliza a atenção. Do mesmo modo, o orgasmo é, com elevadíssima frequência, o corolário das histórias masculinas. Embora as mulheres não abdiquem dele, também não polariza o objetivo da sua imaginação erótica.
Como o leitor atento terá sem dúvida observado, este texto expõe, no início, uma tese que não é aceite por todos: a necessidade de sexólogos, terapeutas e cidadãos saberem distinguir fantasia e desejo. O objetivo é claro: desdramatizar a atuação do nosso imaginário para não nos traumatizar no quotidiano. Na minha condição de especialista, é frequente receber em consulta pessoas com uma enorme ansiedade por pensarem que as suas fantasias são desejos, o que as transforma, aos seus próprios olhos, em seres monstruosos e as inibe nas relações que mantêm. Além disso, crêem que aquelas ficções emanam de uma mente depravada, quando, na realidade, são comuns a todos os mortais.
Valérie Tasso, “Desejos e Fantasias” in Super Interessante nº 164, Portugal, Dezembro de 2011