sexta-feira, 11 de março de 2011

A diferença tabu



É por volta dos 3 anos que as crianças começam a manifestar as brincadeiras típicas do seu sexo. As raparigas gostam de bonecas e os rapazes preferem actividades mais físicas. É uma orientação inata que apenas varia nos detalhes em diferentes culturas. Cerca dos 5-6 anos esta orientação é muito clara e definida. Porém, há crianças que se desenvolvem de forma diferente, preferindo de forma duradoura e prolongada as brincadeiras, actividades e até forma de vestir do sexo oposto. Nas raparigas a evolução é mais variável, mas cerca de 80% destes rapazes serão, na idade adulta, homossexuais ou bissexuais. À entrada na escola, a pressão social poderá fazer com que a criança esconda ou evite as suas preferências de forma a integrar-se.
Antigamente acreditava-se que a educação era responsável por esta variação, que hoje se sabe ter origem biológica com raízes na diversidade genética. Em criança, eu tinha uma paixão por cowboys. Reencarnei vários heróis do Oeste desde Kit Carson a Buffalo Bill, embora o meu superego fosse Cochise, o chefe rebelde dos Comanches. Ninguém me impôs esse gosto que surgiu tão natural como, na ausência de pistolas, esticar o dedo indicador e fazer «Pum-Pum». Outros rapazes preferiam ajudar a mãe nas tarefas domésticas, pondo-se à margem de lutas e futebol. Para estes, as consequências são em regra a rejeição, a crítica e o abuso físico ou psicológico. Instala-se a vergonha. No recreio é apontado a dedo: menina, maricas... A um rapaz não pode ser colado o estigma da vulnerabilidade. Quando se queixa exclamamos: não sejas mariquinhas! e na idade adulta é preciso uma virilidade segura para conceder que os homens também choram. Em regra os rapazes sofrem mais do que as raparigas porque a Maria-rapaz é socialmente mais bem aceite.
Embora a criança possa alterar o seu comportamento em função da pressão social ou familiar, esta transformação é superficial e não revela os seus verdadeiros sentimentos. Tem de viver em mentira para ser aceite e amada. No entanto, ninguém provocou a diferença e ninguém a vai mudar. O drama destas crianças e adolescentes que se sentem diferentes é muitas vezes não terem um porto seguro, nem em casa, nem na escola. Quantas vezes as fazem sentir que são responsáveis pela intolerância dos outros. Os irmãos têm vergonha, os pais vivem o desmoronar de sonhos e expectativas e reagem como num luto, com negação e zanga, nem sempre chegando à aceitação, roubando aos filhos o que eles mais necessitam: o amor incondicional dos pais. Culpa-se a vítima, e o julgamento da sociedade interpõe-se entre a criança e a sua família.
No fundo, a questão é simples: aceitar a diferença como natural, e a diversidade como capaz de produzir talentos excepcionais. Amar (e respeitar) as crianças pelo que elas são, na sua individualidade e no seu génio. Não tentar impor mudanças ou estereótipos de comportamentos, e proteger os mais fracos de abusos físicos e psicológicos que deixam cicatrizes para toda a vida.
O jovem gay tem um risco aumentado de suicídio. Nos EUA tem sido feito um esforço muito grande para educar as crianças a aceitar as diferenças étnicas, religiosas e psicossexuais. Nos liceus multiplicam-se as straight-gay alliances, em que os rapazes heterossexuais protegem os jovens gays de eventuais abusos. Em Portugal esta é a diferença tabu. Não existe informação dirigida a pais e educadores sobre como lidar com as variações no desenvolvimento afectivo e sexual. Milhares de jovens vivem um segredo que é doloroso como um estigma. Como é, ou já foi, doloroso ser judeu, ou preto, ou mulher.”
Nuno Lobo Antunes, Sinto muito
Lisboa, Verso de Kapa, 2008, 6ª edição, pp. 173-174



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Trata-se de uma pesquisa realizada no Brasil, em 2009, tendo por objetivo compreender os significados atribuídos aos papéis masculino e feminino por jovens adolescentes que faziam parte de um projeto de inclusão social.
Os dados são provenientes da oficina "conhecimento do corpo humano", onde foram construídos cartazes, realizadas atividades de recorte, colagem, desenho, escrita, utilização de manequim e se procedeu a uma abordagem dialógica do tema.
Os resultados apontam duas categorias: "a fortaleza e o poder masculino" e "o papel contraditório do género feminino".
Conclui-se que as diferenças dos papéis masculino e feminino, relacionadas com o contexto sociopolítico e cultural onde os adolescentes/jovens estão inseridos, têm repercussões na forma como eles vivem a sua sexualidade e constroem a cidadania.




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