Pelos no peito? Senhores, eles estão de volta
Coloquem as lâminas e a cera na prateleira. Depois do metrosexual, do lumbersexual, das barbas e do rabo-de-cavalo, os homens querem-se peludos. Pelo menos no peito e nas pernas, diz o New York Times.
Nyle Dimarco é um dos top models masculinos da actualidade, favorito ao primeiro lugar do programa americano "Dancing With The Stars" e que trouxe de volta a sensualidade dos homens com pelos no peito.
Byron Cohen/ABC via Getty Images
Homem que é homem tem pelos no peito. Ou pelo menos, era isto que os nossos pais diziam. Mas, algures pelo caminho, a pele de bebé tornou-se um símbolo de masculinidade. E os homens começaram a fazer a depilação para a) agradar às mulheres; b) mostrar o corpo; 3) seguir as tendências, porque todos os outros homens a faziam.
Gostarão as mulheres disso? Não necessariamente. Mas essa já nem é a questão. A mais recente moda provavelmente não vai agradar ao mercado da cosmética masculina mas vai agradar, sem dúvida, aos mais preguiçoso: os pelos no peito estão de volta e recomendam-se.
A secção de Lifestyle do
New York Times pôs o dedo na ferida: chegámos ao fim de duas décadas popularizadas pelo então polémico anúncio da Calvin Klein, protagonizado, nos anos 90, pelos ainda desconhecidos Mark Wahlberg e Kate Moss, onde um Mark de tronco nu completamente depilado vendia a famosa roupa interior da marca. Os anos seguintes iriam tornar o homem sem pelos um exemplo a seguir um pouco por todo o lado: no cinema, na televisão, na moda, no ginásio, na praia.
Mas tal como a moda, também as tendências de beleza são cíclicas. Depois do metrosexual veio o
lumbersexual, e depois das barbas e dos rabos-de-cavalo os pelos estão decididamente de volta. Que é como quem diz, voltámos aos primórdios em que é permitido pôr as lâminas e a tesoura na prateleira. Voltámos às frentes peludas, um símbolo de masculinidade durante grande parte do século XX, vestidas com orgulho pelas principais estrelas de Hollywood e deitadas abaixo nos anos 90.
Explicações para o regresso do homem peludo
Em declarações ao jornal britânico
The Telegraph, Darren Langdridge, professor de psicologia e sexualidade na Open University no Reino Unido, e Jo Hemmings, psicólogo no The Harley Medical Group, dizem que há várias explicações para o regresso do homem peludo:
- Um homem barbeado era um indicador de respeitabilidade que agora desapareceu. Hoje em dia, as barbas estão amplamente massificadas e deixaram de significar desleixo.
- Cada vez mais as culturas heterossexuais estão a ser influenciadas pela cultura gay. Langdridge afirma mesmo que as mudanças relativas aos pelos no peito são um resultado destas influências trazidas pelas tendências atuais na cultura gay — os chamados “Bear”, uma subcultura da comunidade gay masculina que celebra os pelos do corpo masculino.
As influências sobre um peito masculino com pelos, ou não, tal como todas as outras tendências masculinas, estão associadas à representação dos homens no cinema e na televisão. Hemmings explica que os homens têm menos formas de expressar a sua personalidade, estilo e individualidade do que as mulheres. Os pelos, o cabelo e a barba são uma das poucas formas aceitáveis pela sociedade para que se possam destacar.
E o que preferem as mulheres?
“Para as novas gerações, os corpos masculinos completamente depilados estão decididamente a cair. É o regresso dos anos 70, da liberdade e de homens com muito pelo”, escreve o New York Times. E se pensarmos no que é que as mulheres gostam, corpos de bebé não estão no topo das preferências. O site de notícias britânico Metro apontou os motivos por que os pelos masculinos são sensuais, entre os quais destacamos:
As mulheres gostam de homens e não de bonecos de plástico;
Peito e pernas com pelos sim, costas e órgãos sexuais não;
Os pelos ajudam a aumentar o cheiro de um homem (não o suor, falamos do cheiro hormonal e sexual);
As mulheres não gostam de sair com um homem que, por não ter pelos, parece que acabou de sair da faculdade (Justin Bieber diz-lhe alguma coisa?);
Um peito com pelos significa que as mulheres não vão ter de lidar com o crescimento de três dias que arranha mais que uma barba;
E, por último, a sensualidade retro vive no imaginário de qualquer mulher. A imagem de Mr. Darcy, personagem masculina de Orgulho e Preconceitoprotagonizada por Matthew Macfadyen, a andar pelos campos ingleses ao nascer do sol com a camisa aberta e os pelos de fora é o epítome de homem perfeito — por dentro e por fora.
No entanto, e tal como o New York Times ressalva, o segredo é o meio-termo e não é má ideia fugir dos extremos. Pelos sim, demasiados pelos não. Ninguém quer ver o regresso do Neanderthal. Ou, na gíria popular portuguesa, do Tony Ramos.
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