domingo, 5 de julho de 2015

Heféstion



LAMENTO DE ALEXANDRE POR HEFÉSTION

Não escutes a minha voz:
Ela é apenas a amargura
Do coração de um guerreiro!
Não olhe para as minhas lágrimas:
Elas são apenas o resto do pranto
Pela partida do amigo!

Quisera ser Zeus e raptar-te antes da morte
Ó meu Ganímedes,
Talvez eternamente alimentásseis aos deuses
E aos homens com o néctar da imortalidade,
Mas sou apenas um guerreiro que sofre
A partida daquele que mais amava!
Meu amigo, meu amado.
Quis o destino, ó Babilônia
Que tombasse ali, seu corpo inerte
Que transformei em divino herói
Edifiquei templo, culto:
Ò minha idolatria em forma de carne.

Que me vale Grécia, Pérsia, os mares e os desertos?
Partiste, estou só.
Com quem partilhar os meus sentimentos
Os meus segredos a minha solidão?
Com quem brincar de guerra
Lutar com Ares
Filosofar, cair nos braços de Afrodite ou Baco
Prefiro ser um Narciso nos campos de Apolo
Sou sombras de mim mesmo
Ó Hermes, não me avisaste!
Prefiro a morte, andar pelo Vale de Hades
A ver-me só sem o meu amigo!
Sou Alexandre, o Grande, o Imperador da Macedônia
Mas não sou nada sem ti ó amado Heféstion.

Washington Peixoto, 2010




Descoberto o jazigo de Heféstion, o amante do Alexandre Magno


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Os arqueólogos gregos conseguiram encontrar aquele que é, presumivelmente, o jazigo do “deslumbrante Heféstion” – amigo de infância e amante de Alexandre Magno, rei da Macedónia e um dos mais importantes conquistadores da História.
O túmulo, que fica nas proximidades da cidade grega de Salónica e é datado do século IV A.C., encontrava-se a mais de um metro e meio de profundidade. Localiza-se na antiga cidade de Anfípolis, que foi um centro importante do reino da Macedónia. Destaque para a dimensão do complexo funerário, agora encontrado, que foi construído em mármore. Entre os adornos existem esfinges, cariátides e um mosaico que representa o rapto da Perséfone. Este conjunto levou os arqueólogos a pensar que a pessoa enterrada seria uma personalidade importante, nomeadamente Heféstion.Os casamentos do Alexandre eram sempre condicionados por objectivos políticos. Além disso, praticamente não dedicava tempo às suas esposas. Ao que parece, a sua única afinidade de amor seria pelo amigo de infância, Heféstion. Como descreveu então Plutarco, quando Alexandre chegou à aldeia antiga de Tróia, colocou uma coroa no túmulo de Aquiles, enquanto Heféstion pôs a sua coroa no túmulo de Pátroclo. Este gesto seria a confissão da sua relação, uma vez que era do conhecimento que Aquiles e Pátroclo seriam amantes. Quando o Alexandre e o Heféstion se encontraram com a mãe do vencido Dário, ela caiu às pernas do Heféstion, confundindo-o com o Alexandre, uma vez que o Heféstion era mais alto. Alexandre recusou o pedido de desculpas da mãe de Dário, afirmando: “Não faz mal, respeitosa mulher. Está tudo bem, não há erro. Ele também é Alexandre como eu”.Quando Heféstion morreu, Alexandre ficou tão abalado, que ordenou crucificar o médico que não conseguiu salvar o amante. A escritora Mary Renault, autora de romances históricos sobre a Grécia Antiga, descreveu o funeral de Heféstion como “o mais luxuoso da História”.
Na foto: Alexandre e Heféstion, no filme de Oliver Stone, “Alexander”
A.Iourtchenko

http://dezanove.pt/descoberto-o-jazigo-de-hefestion-o-715180, 19-11-2014

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