quarta-feira, 17 de junho de 2015

Homografias, literatura e homoerotismo





 
Título
Homografias. Literatura e homoerotismo.
Revista
Forma Breve
Edição
Universidade de Aveiro, 2009, nº 7
Local
Aveiro
URL

 

Artigos:

Carlos de Miguel Mora

Neste artigo, o autor tenta estabelecer os pontos de vista sob os quais podemos qualificar determinada literatura latina como «homoerótica». Para poder estudar a sexualidade na literatura latina desde a abordagem endógena, o autor tenta definir os protocolos de comportamento sexual no pensamento romano.
Quer demonstrar deste modo que os textos catalogados normalmente como «literatura homoerótica latina» não se enquadram nesta definição.

 

Anabela Barros Correia

Na análise da obra de Abel Botelho, considerada uma referência do Naturalismo português, nomeadamente no estudo do romance Fatal Dilema, verifica‑se que, apesar da intenção naturalista de representar a verdade absoluta, tal não ocorre e na sua escrita irrompe o grotesco e a deformação da realidade objectiva que realistas e naturalistas tentaram captar.

 

Martim de Gouveia e Sousa

Desafiando o seu tempo e o porvir, os escritos de Judith Teixeira estão cada vez mais actuais, como o comprovam as inúmeras leituras judithianas levadas a cabo na última década, dentro e fora do país. Um escrutínio à obra da poeta permite integrá‑la no Modernismo português. É ainda Judith Teixeira, pela vertente homoerótica, um expoente do lesbianismo literário português.

 

Anna M. Klobucka

Através de uma laboriosa auto‑representação como ícone gay, António Botto fundou um originalíssimo discurso homotextual, sem predecentes na literatura portuguesa, numa premeditada superação estética da sua condição de dissidência erótica.

 

Teresa Bagão

O médico e artista João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo, 1899 – Lisboa, 1960) estreia‑se no romance com Signo de Toiro, em 1939. Com o presente trabalho, destacamos um dos principais eixos temáticos da obra: a homossexualidade feminina. O narrador apresenta a protagonista, Maria Sidónia, em circunstâncias de marcada perturbação emocional, devido à relação afectiva que mantém com Damiana, envolvendo ambas as personagens femininas em ambientes marcados por recorrentes e significativos contrastes de luz e sombra.
Maria Sidónia também se debate intimamente com a sua dupla condição de femme‑garçon, sendo a presença do jovem escultor Lúcio Ricardo que vai acabar por conduzir o desfecho da intriga romanesca para o triunfo da relação heterossexual.

 

Lola Geraldes Xavier

Neste artigo analisa‑se o (homo)erotismo na escrita de David Mourão‑Ferreira (1927‑1996), sobretudo em Os Amantes e Outros Contos (1974).

 

Tiago Aires

Este artigo procura avaliar a interpretação da figura de Antínoo, balizada entre eros e thanatos, na poesia portuguesa contemporânea, em especial de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Pedro Tamen e Albano Martins, partindo da mitificação operada ao longo dos tempos pela transmissão da história e a sua relação de carácter amoroso com Adriano.

 

João de Mancelos

«Sex is the root of it all», afirmou Walt Whitman (1819‑1892). Embora, no quotidiano, ocultasse a sua orientação homossexual, o bardo de Brooklyn cantou os corpos eléctricos, e o afecto entre os homens, sobretudo em «Calamus», uma secção de Leaves of Grass (1855‑1892). Influenciado por Whitman na vida e na poesia, Eugénio de Andrade (1923‑2005) aborda a orientação homossexual, recorrendo à intertextualidade com a obra do poeta norte‑americano; aludindo ao relacionamento amoroso deste com Peter Doyle; empregando símbolos fálicos e metáforas eróticas semelhantes. Neste artigo, analiso essa intersecção de gostos pessoais e literários, que revela desejos e medos, segredos e confidências veladas pela metáfora.

 

Virgínia Maria Antunes de Jesus

Apesar de breve intervenção de Miguel Rovisco na cena cultural, deixou, pelo menos, dezoito peças teatrais, um roteiro para uma série televisiva (levado na RTP, em 1987), cadernos de literatura infantil e oito cadernos de poemas, que pretendemos apresentar, especialmente o caderno denominado Poemas de Prazer Masculino, foco deste artigo. Como sua dramaturgia, sua poesia também possui uma linguagem inovadora e vigorosa e Rovisco é, indubitavelmente, um nome a ser apresentado e inserido, não só no mundo do teatro, mas dentre os grandes poetas portugueses.

 

Paulo Alexandre Pereira

Propõe‑se uma sondagem de alguma produção ficcional sobre a guerra colonial, nela investigando a incidência de cenários afectivos homoeróticos e tentando aduzir razões explicativas da presença insistente desta (improvável) linha de sentido. Embora a forma e substância dos episódios de cunho homoerótico recenseados apresentem uma inegável diversidade, alguns motivos são objecto de convocação reiterada: a inscrição do encontro sexual numa atmosfera de cumplicidade homossocial, o erotismo como expediente catártico e alternativa de redenção, a ambiguidade transgressiva do gender‑bending e do drag, a conjunção de autodescoberta homoerótica e aprendizagem psicoafectiva

 

Mónica Serpa Cabral

No romance Até Hoje (Memórias de Cão), Álamo Oliveira apresenta-nos uma interpretação original e ousada da guerra colonial, mostrando como este conflito pode levar à desintegração da identidade, a uma profunda transformação interior e à inevitável busca de um novo começo. No processo, a imagem de Portugal como uma nação gloriosa, divulgada pelo discurso nacionalista, é denunciada e desconstruída. A homossexualidade é um dos temas tratados, representando, por um lado, um efeito das condições envolventes, uma forma de satisfazer os impulsos físicos e atenuar a solidão, a ansiedade e o tédio, e constituindo, por outro, uma parte da identidade pessoal, reprimida por tanto tempo e, finalmente, aceite após a guerra.

 

Érica Zíngano

Partindo de uma aproximação intertextual entre a produção narrativa de Rui Nunes e a filmografia de Terrence Malick (em concreto o filme The Thin Red Line, de 1998), procurará mostrar‑se como a ficcionalização da temática homossexual na obra literária de Rui Nunes corresponde a um particular modo de representação literária, assentando este, maioritariamente, na textualização expressionista de valores sócio‑existenciais como a exclusão ou a deformidade e na microscopia da observação empreendida pelas várias vozes que povoam as suas narrativas

 

Isabel Cristina Rodrigues

Partindo de uma aproximação intertextual entre a produção narrativa de Rui Nunes e a filmografia de Terrence Malick (em concreto o filme The Thin Red Line, de 1998), procurará mostrar‑se como a ficcionalização da temática homossexual na obra literária de Rui Nunes corresponde a um particular modo de representação literária, assentando este, maioritariamente, na textualização expressionista de valores sócio‑existenciais como a exclusão ou a deformidade e na microscopia da observação empreendida pelas várias vozes que povoam as suas narrativas.

 

António Manuel Ferreira

Neste artigo são destacados e comentados alguns contos brasileiros que integram a antologia Entre Nós – Contos sobre Homossexualidade.

 

Horácio Costa

Partindo da análise da discussão de um verso enigmático de Mário de Andrade, documentada pela sua correspondência com Manuel Bandeira, propõe‑se um conjunto de reflexões em torno do plurívoco «silêncio semântico» mobilizado pela inscrição homoerótica no discurso poético.

 

Ana Margarida Ramos

Pretende‑se, neste estudo, dar conta das representações da homossexualidade (e temas relacionados) num corpus de textos literários destinados à infância, com especial ênfase no álbum ilustrado para pré‑leitores e leitores iniciais. Recriando diferentes modelos familiares, estas obras buscam a aceitação e a inclusão da diferença, valorizando a componente afectiva das relações interpessoais e questionando preconceitos e comportamentos homofóbicos.

 

Maria Eugénia Pereira

Personagem desconcertante e apoteótica, Abel Tiffauges nutre-se de símbolos, de parábolas para fugir à heterossexualidade e envereda por um caminho onde prazeres disfóricos e crimes abomináveis tomam o lugar do bem. Inverte, malignamente, os valores estabelecidos na esperança de que acontecimentos grandiosos venham engrandecer a sua vida.

 

 

1 comentário:

jmx disse...

Uma revista ímpar, de grande qualidade! Não conheço mais nada do género em Portugal.