quarta-feira, 22 de junho de 2011

Estudos de Género. História da homossexualidade em Portugal

Programa:
O reconhecimento pelas democracias ocidentais dos direitos individuais das lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e trangéneros surge em resposta a uma luta política já com mais de meio século que foi iniciada por pelas comunidades gay que estruturavam a sua identidade em novos moldes, nos Estados Unidos nos anos 50 do século XX, mas que cedo se transportou para a Europa.
Em Portugal essa luta dá os primeiros passos a seguir ao 25 de Abril, mas é nos anos 1990 que se estrutura. Como nos outros países, em Portugal, a comunidade lgbt tem uma história, assim como a fase anterior da vivência na sociedade portuguesa das relações entre pessoas do mesmo sexo, a homossexualidade. É esse enquadramento histórico que se pretende explicar.

1. Identidade de Género
As teorias queer são a destruição última das teorias essencialistas, inclusive das feministas, afirmando o género e a sexualidade como construções sociais e políticas, como espaços plásticos, culturais e não espaços naturais.
As teorias queer questionam o sistema político heterossexista e patriarcal em que vivemos, recusando a falsa colagem do sexo biológico à identidade de género, criticando o binarismo de género homem/mulher e desconstruindo o masculino e o feminismo como conceitos biopolíticos definidos pelo sistema heteronormativo.
2. A nova doença
No início do século XX em Portugal, com a sedimentação do modelo de família nuclear, as reacções entre pessoas do mesmo sexo passam a ser vistas como uma doença.
3. Os novos anti-sociais.
O enquadramento legal da homossexualidade como crime nasce em 1912 com a Lei da Mendicidade e só sai do Código Penal em 1982.
4. Contra a “corrupção literária”.
Os primeiros perseguidos oficiais: Judith Teixeira, António Botto e Raul Leal.
5. Os vários mundos da homossexualidade.
Ao longo da ditadura estigmatização da homossexualidade foi crescendo na sociedade portuguesa. O silêncio do interdito criou um mundo de não dito. O seu auge é atingido nos anos 50.
6. O lesbianismo.
No modelo familiar burguês à mulher é atribuído um novo papel: o de cuidadora do lar e educadora dos filhos. Mas não lhe é reconhecida sexualidade própria. Logo as lésbicas sofrem uma dupla estigmatização.
7. Quando a história política influencia a opressão ou a libertação sexual.
A perseguição política tratou de forma secundária a homossexualidade dos adversários. Mas a Guerra Colonial, um dos grandes factores que ajudaram a começar a derrubar o não-dito da homossexualidade.
8. A revolução veio só nos anos 80.
Em 1974 surgiram os primeiros movimentos lgbt, mas só nos anos 80 do século XX se começa a quebrar a regra homofóbica.

Isabel Lousada, Raquel Freire, São José Almeida
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa
5, 9, 12, 16, 19, 23, 26 e 30 de Julho de 2011
terças, das 18H00 às 21H00, sábados das 10H00 às 13H00




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São José Almeida abriu o armário dos homossexuais na ditadura ao escrever Os Homossexuais no Estado Novo, livro que traça a homossexualidade (masculina e feminina) durante o Estado Novo, reescrevendo a história século XX português.
Leia a apresentação crítica feita por Raquel Ribeiro, in ipsylon, 07.07.2010.








FRACTURA. A CONDIÇÃO HOMOSSEXUAL NA LITERATURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA  |  Eduardo Pitta, Coimbra, Angelus Novus, 2003

Existe literatura gay em Portugal? Literatura gay e literatura homossexual são uma e a mesma coisa? Quais os parâmetros pelos quais podemos avaliar se determinado escritor português é um autor gay? Na literatura portuguesa contemporânea, que obras são susceptíveis de leitura gay? E de leitura homossexual? Podemos lê-las em clave camp, ou queer?
Foi para equacionar estas questões que Eduardo Pitta escreveu Fractura. E fractura porquê? Porque o efeito borderline da líbido itinerante provoca uma fractura literária.

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