sábado, 20 de junho de 2015

D. Afonso VI, um rei arruaceiro, bulímico e homossexual


Arruaceiro, bulímico, homossexual e com problemas mentais. A sua esposa acabou por trocá-lo pelo seu irmão D. Pedro II. Histórias insólitas de Portugal.

D. Afonso VI 

No restaurante imundo no centro de Lisboa, um grupo de homens dá nas vistas: falam alto, gritam obscenidades aos empregados e clientes, comem peixes fritos com as mãos e entornam jarros de vinho. Quando saem, dirigem-se a um bordel e só voltam a ser vistos de manhã, ainda mais bêbedos do que antes.

D. Afonso VI 
A festa continua: a caminho do Paço Real, param para apedrejar janelas, assediar senhoras, meter-se com vagabundos e pontapear os que dormem na rua. Uma das vítimas não aceita o desaforo e lança-se ao rebelde com aspecto mais frágil: um jovem coxo, de olhos claros – era o rei D. Afonso VI. O vagabundo dá-lhe murros e pontapés enquanto os outros assistem a rir-se. O rapaz já a deitar sangue, só encontra uma forma de se libertar: grita que é o Rei de Portugal.
D. Afonso VI tinha fama de ser um desordeiro. Apesar da paralisia parcial do lado direito do corpo, do excesso de peso e da bulimia, gostava de sair à noite com um grupo de amigos de reputação duvidosa. Muitas vezes acabavam na esquadra, mas nunca sofriam represálias. Um dos seus companheiros era o comerciante genovês de cintos, meias e adornos femininos, António Conti, que rapidamente passou a frequentar o Paço, com acesso directo ao quarto real. Levava prostitutas e rapazes e embebedava-se, mas conseguiu uma comenda, um título de fidalguia e o hábito da Ordem de Cristo.
Farta do comportamento inadequado do filho e do amigo, D. Luísa de Gusmão mandou deportar Conti para o Brasil. O rei passou a levar um estilo de vida mais discreto, mas nunca deixou de receber rapazes. De acordo com o livro “Reis que Amaram como Mulheres”, coleccionou amantes do sexo masculino.



quarta-feira, 17 de junho de 2015

Homografias, literatura e homoerotismo





 
Título
Homografias. Literatura e homoerotismo.
Revista
Forma Breve
Edição
Universidade de Aveiro, 2009, nº 7
Local
Aveiro
URL

 

Artigos:

Carlos de Miguel Mora

Neste artigo, o autor tenta estabelecer os pontos de vista sob os quais podemos qualificar determinada literatura latina como «homoerótica». Para poder estudar a sexualidade na literatura latina desde a abordagem endógena, o autor tenta definir os protocolos de comportamento sexual no pensamento romano.
Quer demonstrar deste modo que os textos catalogados normalmente como «literatura homoerótica latina» não se enquadram nesta definição.

 

Anabela Barros Correia

Na análise da obra de Abel Botelho, considerada uma referência do Naturalismo português, nomeadamente no estudo do romance Fatal Dilema, verifica‑se que, apesar da intenção naturalista de representar a verdade absoluta, tal não ocorre e na sua escrita irrompe o grotesco e a deformação da realidade objectiva que realistas e naturalistas tentaram captar.

 

Martim de Gouveia e Sousa

Desafiando o seu tempo e o porvir, os escritos de Judith Teixeira estão cada vez mais actuais, como o comprovam as inúmeras leituras judithianas levadas a cabo na última década, dentro e fora do país. Um escrutínio à obra da poeta permite integrá‑la no Modernismo português. É ainda Judith Teixeira, pela vertente homoerótica, um expoente do lesbianismo literário português.

 

Anna M. Klobucka

Através de uma laboriosa auto‑representação como ícone gay, António Botto fundou um originalíssimo discurso homotextual, sem predecentes na literatura portuguesa, numa premeditada superação estética da sua condição de dissidência erótica.

 

Teresa Bagão

O médico e artista João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo, 1899 – Lisboa, 1960) estreia‑se no romance com Signo de Toiro, em 1939. Com o presente trabalho, destacamos um dos principais eixos temáticos da obra: a homossexualidade feminina. O narrador apresenta a protagonista, Maria Sidónia, em circunstâncias de marcada perturbação emocional, devido à relação afectiva que mantém com Damiana, envolvendo ambas as personagens femininas em ambientes marcados por recorrentes e significativos contrastes de luz e sombra.
Maria Sidónia também se debate intimamente com a sua dupla condição de femme‑garçon, sendo a presença do jovem escultor Lúcio Ricardo que vai acabar por conduzir o desfecho da intriga romanesca para o triunfo da relação heterossexual.

 

Lola Geraldes Xavier

Neste artigo analisa‑se o (homo)erotismo na escrita de David Mourão‑Ferreira (1927‑1996), sobretudo em Os Amantes e Outros Contos (1974).

 

Tiago Aires

Este artigo procura avaliar a interpretação da figura de Antínoo, balizada entre eros e thanatos, na poesia portuguesa contemporânea, em especial de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Pedro Tamen e Albano Martins, partindo da mitificação operada ao longo dos tempos pela transmissão da história e a sua relação de carácter amoroso com Adriano.

 

João de Mancelos

«Sex is the root of it all», afirmou Walt Whitman (1819‑1892). Embora, no quotidiano, ocultasse a sua orientação homossexual, o bardo de Brooklyn cantou os corpos eléctricos, e o afecto entre os homens, sobretudo em «Calamus», uma secção de Leaves of Grass (1855‑1892). Influenciado por Whitman na vida e na poesia, Eugénio de Andrade (1923‑2005) aborda a orientação homossexual, recorrendo à intertextualidade com a obra do poeta norte‑americano; aludindo ao relacionamento amoroso deste com Peter Doyle; empregando símbolos fálicos e metáforas eróticas semelhantes. Neste artigo, analiso essa intersecção de gostos pessoais e literários, que revela desejos e medos, segredos e confidências veladas pela metáfora.

 

Virgínia Maria Antunes de Jesus

Apesar de breve intervenção de Miguel Rovisco na cena cultural, deixou, pelo menos, dezoito peças teatrais, um roteiro para uma série televisiva (levado na RTP, em 1987), cadernos de literatura infantil e oito cadernos de poemas, que pretendemos apresentar, especialmente o caderno denominado Poemas de Prazer Masculino, foco deste artigo. Como sua dramaturgia, sua poesia também possui uma linguagem inovadora e vigorosa e Rovisco é, indubitavelmente, um nome a ser apresentado e inserido, não só no mundo do teatro, mas dentre os grandes poetas portugueses.

 

Paulo Alexandre Pereira

Propõe‑se uma sondagem de alguma produção ficcional sobre a guerra colonial, nela investigando a incidência de cenários afectivos homoeróticos e tentando aduzir razões explicativas da presença insistente desta (improvável) linha de sentido. Embora a forma e substância dos episódios de cunho homoerótico recenseados apresentem uma inegável diversidade, alguns motivos são objecto de convocação reiterada: a inscrição do encontro sexual numa atmosfera de cumplicidade homossocial, o erotismo como expediente catártico e alternativa de redenção, a ambiguidade transgressiva do gender‑bending e do drag, a conjunção de autodescoberta homoerótica e aprendizagem psicoafectiva

 

Mónica Serpa Cabral

No romance Até Hoje (Memórias de Cão), Álamo Oliveira apresenta-nos uma interpretação original e ousada da guerra colonial, mostrando como este conflito pode levar à desintegração da identidade, a uma profunda transformação interior e à inevitável busca de um novo começo. No processo, a imagem de Portugal como uma nação gloriosa, divulgada pelo discurso nacionalista, é denunciada e desconstruída. A homossexualidade é um dos temas tratados, representando, por um lado, um efeito das condições envolventes, uma forma de satisfazer os impulsos físicos e atenuar a solidão, a ansiedade e o tédio, e constituindo, por outro, uma parte da identidade pessoal, reprimida por tanto tempo e, finalmente, aceite após a guerra.

 

Érica Zíngano

Partindo de uma aproximação intertextual entre a produção narrativa de Rui Nunes e a filmografia de Terrence Malick (em concreto o filme The Thin Red Line, de 1998), procurará mostrar‑se como a ficcionalização da temática homossexual na obra literária de Rui Nunes corresponde a um particular modo de representação literária, assentando este, maioritariamente, na textualização expressionista de valores sócio‑existenciais como a exclusão ou a deformidade e na microscopia da observação empreendida pelas várias vozes que povoam as suas narrativas

 

Isabel Cristina Rodrigues

Partindo de uma aproximação intertextual entre a produção narrativa de Rui Nunes e a filmografia de Terrence Malick (em concreto o filme The Thin Red Line, de 1998), procurará mostrar‑se como a ficcionalização da temática homossexual na obra literária de Rui Nunes corresponde a um particular modo de representação literária, assentando este, maioritariamente, na textualização expressionista de valores sócio‑existenciais como a exclusão ou a deformidade e na microscopia da observação empreendida pelas várias vozes que povoam as suas narrativas.

 

António Manuel Ferreira

Neste artigo são destacados e comentados alguns contos brasileiros que integram a antologia Entre Nós – Contos sobre Homossexualidade.

 

Horácio Costa

Partindo da análise da discussão de um verso enigmático de Mário de Andrade, documentada pela sua correspondência com Manuel Bandeira, propõe‑se um conjunto de reflexões em torno do plurívoco «silêncio semântico» mobilizado pela inscrição homoerótica no discurso poético.

 

Ana Margarida Ramos

Pretende‑se, neste estudo, dar conta das representações da homossexualidade (e temas relacionados) num corpus de textos literários destinados à infância, com especial ênfase no álbum ilustrado para pré‑leitores e leitores iniciais. Recriando diferentes modelos familiares, estas obras buscam a aceitação e a inclusão da diferença, valorizando a componente afectiva das relações interpessoais e questionando preconceitos e comportamentos homofóbicos.

 

Maria Eugénia Pereira

Personagem desconcertante e apoteótica, Abel Tiffauges nutre-se de símbolos, de parábolas para fugir à heterossexualidade e envereda por um caminho onde prazeres disfóricos e crimes abomináveis tomam o lugar do bem. Inverte, malignamente, os valores estabelecidos na esperança de que acontecimentos grandiosos venham engrandecer a sua vida.

 

 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Como atingir o orgasmo enquanto és penetrado.

 

[SEXO ANAL TIPS] Cómo llegar al orgasmo mientras eres penetrado ¡Disfruta como PASIVO!


Si se tiene sexo es para disfrutar. Si tienes sexo con un  hombre, la meta es que ambos disfruten. Esa tonta idea de que el pasivo solo debe pasar dolores y NUNCA llegar al clímax o que su “placer” está en aguantar que el activo se la meta y meta y meta, es tan antigua como nuestras abuelas y tan absurda como que ser gay es un pecado. Entonces, es hora de que el sexo homosexual se haga sin culpas y con mucho placer. Y nuestra meta es ayudarte a disfrutarlo. Toma nota y lee con atención a DON PASIVÍN…
 
 
 
Cuando te penetran si o si te ocasionarán dolor. Para qué mentir, que te metan algo por el culo DUELE. Decir que te dará exclusivamente placer es mentir o es propio de quienes tienen el trasero tan maltrecho o utilizado que ya no sienten ni padecen. Pero a la mayoría no nos ocurre eso, para la mayoría el culo sufre y el dolor explota cuando un pedazo de carne ajeno trata de introducirse en nosotros. Entonces, ¿qué hacer para evitar ese dolor y llegar como se debe al ORGASMO?
 
ORGASMO_GAY_GAYMAS (1)
 
Aquí hay varios TIPS. Está en ti como los aplicas o cómo disfrutas (o no):
 
1.- Hemos hablado muchas veces de la importancia de que el activo estimule el ANO del pasivo. La importancia del activo es fundamental. Es decir, si el activo no sabe dilatar, no sabe (o no quiere hacer) el beso negro, si no tiene el tino para estimularte, olvida la posibilidad de llegar al orgasmo. Si tienes un activo torpe o egoísta, el placer es algo que no llegará. Y, si eso te gusta, pues pierdes tiempo leyendo esto, pues naciste para ser eso deposito de penes, donde la ternura y el amor no existen. Si eso te hace feliz ¡genial!
 
2.- ¡MASTÚRBATE! No me entra en la cabeza que existan pasivos que “teman” o se avergüencen de masturbarse delante de su pareja o amante. Heyyyy, ¡somos hombres, no maniquíes! Si tu preferencia va por el lado trans, vale bien que te definas y, en todo caso, que le aclares al activo qué es lo que te gusta. Muchos activos se quejan de infelices experiencias en la cama en las que pasivos se tapan sus genitales o entran en crisis si es que ellos intentan cogerles el pene. Más vale que hables claro de tus preferencias para evitar malos ratos para ti y para él…
 
ORGASMO_GAY_GAYMAS (2)
 
Masturbarse es una práctica que puede darte mucho placer. Bien puedes MATURBARTE tú mismo mientras eres penetrado o, el ACTIVO, si quiere y tú también, podría hacerlo. A veces, esta segundo opción es la más excitante y adecuada, puew el activo te hará “la paja” de acuerdo al rimo con que te penetra y qué mejor que eso…
 
IMPORTANTE: Si el activo no quiere que te masturbes o detesta la posibilidad de cogerte el pene, evalúa si tendrás una relación con esa persona o aclárale tu orientación sexual real.
 
3.- MASTURBATE sin tocarte. es decir, no serás tú quien se haga la paja, será el activo al frotar su barriga con tu pene. Hay posiciones que permiten que tu estés boca arriba y él sobre ti. Piernas al hombro, por ejmplo. Esta pose te permitirá que el abdomen del activo roce por efectos lógicos del mete y saca, tu glande o tu pene. Este movimiento  te puede originar un placer descomunal que, sin problemas, te llevará al orgasmo.
 
ORGASMO_GAY_GAYMAS (3)
 
4.- FRÓTATE CONTRA LA CAMA. O sea, mastúrbate pero sin tocarte directamente. Es decir, si te la están metiendo boca abajo, puede frotar tu pene contra el colchón y moverte al ritmo en que te están cogiendo. Esto puede ser muy placentero.
Otra opción muy rica, es ponerte de costado y poner delante de tu pene una almohada. El activo te la mete y tu frotas tu órgano (y te masturbas) frotándote al ritmo de cada arremetida que te dan.
 
ACT-PAS 1
 
5.- CONCENTRACIÓN TOTAL Y EYACULA SIN TOCARTE. Pocos logran eyacular y llegar al orgasmo sin tocarse. Se dice que se requiere de absoluta concentración para eso, pero creo que también tiene que ver con la dilatación previa y con la estimulación a la que te haya llevado el activo. 
 
6.- MASTURBARSE JUNTOS Y AL FINAL. Antes de que el activo termine, la saca y ambos se masturban mutuamente. Han disfrutado previamente de la penetración y luego se hacen una gloriosa paja juntos. ¿Rico no?
En cualquiera de los casos, la idea es que ambos, activo y pasivo disfruten. ¿Quieres ser un pasivo sometido al sexo anal sin importar si disfrutas o no? ¿Quieres seguir aguantando activos incapaces de conectar con tus gustos y tu placer? Está en ti dignificar tu placer y tu preferencia.
¿Algunas pregunta? Gracias por leerme.

DON PASIVÍN

http://gaymas.com/sexo-anal-tips-como-llegar-al-orgasmo-mientras-eres-penetrado-disfruta-como-pasivo/

quinta-feira, 11 de junho de 2015

O armário

OPINIÃO DE JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

O armário
João Miguel Tavares é um colunista que aprecio pela independência e pela escrita. E - vá lá - porque se demarca muitas vezes do politicamente correcto e não vai atrás dos esquerdismos acéfalos que afectam boa parte dos nossos colunistas.

O 'orgulho gay' é um disparate. Se ser homossexual é independente da vontade, não se percebe que seja motivo de orgulho. Orgulho tem-se naquilo que foi obtido com o nosso esforço
Nem sempre estou de acordo com o que escreve, mas em geral o que escreve é sustentado por uma argumentação criativa e razoavelmente coerente. Pois bem: na semana passada, a propósito da vitória do 'sim' no referendo sobre a legalização do casamento gay na Irlanda, escreveu no Público um insólito artigo incitando todos os gays da política portuguesa a «saírem do armário». De caminho, atira-se a um cardeal do Vaticano que, segundo as suas palavras, «em momento de delirium tremens classificou o facto de uma derrota para a humanidade».
Comecemos pelo cardeal. O homem limitou-se a seguir o que a Igreja Católica sempre disse: que o casamento é entre um homem e uma mulher - e não entre dois homens ou duas mulheres. Alterar isto é um atentado a um sacramento, é um tiro de canhão contra a doutrina católica sobre o casamento e sobre a família, pelo que, objectivamente, é «uma derrota para a humanidade». Para a humanidade tal como a Igreja Católica a concebe, obviamente. 
Não vejo, por isso, que o dito cardeal estivesse a delirar. Aliás, é preciso alguma presunção para despachar sumariamente o que diz um alto representante da Igreja. E estou à vontade para o dizer porque não sou católico. Mas tenho o bom senso de perceber que não é um atrasado mental qualquer que chega a cardeal de uma Igreja com mais de dois mil anos.
Mas o que me interpelou mais na crónica de João Miguel Tavares foi a sua indignação pelo facto de muitos políticos 'não saírem do armário'. Tavares insurge-se como se fosse obrigação de todos os gays dizerem publicamente que são gays. 
O referendo na Irlanda teve «a vantagem de levar um homem como o ministro da Saúde, Leo Varadkar, a assumir publicamente que era gay, por dever de consciência» - escreve o colunista. 
Por dever de consciência? Mas porquê? Já agora, deveria haver uma alínea no currículo de cada pessoa a especificar a sua orientação sexual... E por que não essa importante particularidade vir inscrita no Cartão de Cidadão? Assim, não haveria dúvidas nem fuga possível. Até porque, ainda de acordo com Tavares, «é absolutamente lastimável que neste triste país não se consiga arranjar um único homem ou uma única mulher, do PS, do PSD, do CDS, capaz de assumir de uma vez por todas a sua homossexualidade».
E o estranho é que João Miguel Tavares diz isto como se fosse uma coisa óbvia e não precisasse de argumentar. Para ele, todos os gays deveriam assumir-se publicamente como gays 'porque sim'. 
De caminho, o colunista elogia Manuel Luís Goucha por «se ter assumido». Eu não elogio nem deixo de elogiar. Goucha tinha todo o direito de o fazer - como outros estão no direito de não o fazerem.
Nunca percebi a necessidade que certas pessoas têm de vir a público dizer que são homossexuais. O que temos nós a ver com isso? Estou-me nas tintas para saber se um político é ou não é gay. Não passa a ser melhor nem pior por isso. E não vejo qualquer vantagem em expor a sua intimidade na praça pública. 
Ainda percebo que os homossexuais gostem que outros homossexuais se assumam publicamente como tal. Porque acham que alguém assumir-se como gay, sobretudo se for uma pessoa conhecida (um actor, um apresentador de televisão, um desportista), tem um efeito multiplicador, contribuindo para o crescimento da 'causa' da homossexualidade. Os comunistas também gostam, por exemplo, que Carlos do Carmo se assuma como comunista. Ou os benfiquistas que Paulo Gonzo se diga publicamente do Benfica. 
Percebo, portanto, que a comunidade gay incite os gays a saírem dos armários e façam disso uma questão decisiva. Mas que têm a ver com isso os que não são gays? 
Respondendo à questão, João Miguel Tavares poderia dizer que, embora não sendo homossexual, acha que estes têm o dever de se assumir - porque, quantos mais forem, menos discriminados serão. 
Mas a verdade é que ele nem sequer usou este argumento. E se usasse, eu responderia que esse é um problema 'instrumental', prático, que não deve sobrepor-se às questões de princípio. E aí, insisto: todos têm direito à reserva da sua vida privada e não têm nenhuma obrigação de virem a público dizer se são homossexuais, heterossexuais, bissexuais, bígamos ou indiferentes.
Aliás, sempre achei que o 'orgulho gay', as 'paradas gay' são um perfeito disparate. Orgulho porquê? Se, como os próprios dizem, ser homossexual é qualquer coisa independente da vontade, não se percebe que seja motivo de orgulho. Orgulho tem-se naquilo que foi obtido com o nosso esforço e o nosso trabalho. 
A admitir-se a parada do 'orgulho gay', teria de se aceitar uma parada do 'orgulho heterossexual' - com machos de fartos bigodes e abundantes pêlos no peito a desfilarem pelas ruas. 
Poupem-nos a estas manifestações!
João Miguel Tavares esforça-se por não ser politicamente correcto, mas nestes temas 'fracturantes' é uma maria-vai-com-as-outras. 
Aliás, as contradições abundam nesta área. 
Sócrates, um dos políticos que mais se bateram pelos direitos dos homossexuais, apanhou uma fúria quando sugeriram que era homossexual - e dava isso como exemplo sempre que o acusavam de qualquer coisa. Como se uma acusação de homossexualidade fosse, para ele, o pior insulto que se pudesse fazer a alguém. 
Deixemos, portanto, os homossexuais descansados dentro dos seus armários, desde que seja essa a sua vontade. E já agora os heterossexuais. Quem sente necessidade de o dizer, que o diga. Quem sente necessidade em assumir-se, que se assuma. Mas que não se obrigue ninguém a fazê-lo. Não se retire a ninguém a liberdade de preservar a sua intimidade. 
E não se fale de orgulho em ser gay. Porque, a aceitar-se este orgulho, está a legitimar-se o orgulho oposto. E a aceitar-se a prosápia de Zezé Camarinha louvando as virtudes do macho lusitano. 

http://www.sol.pt/noticia/396889
11/06/2015 13:38:22